Os tecnocratas são mesmo uns alienados. Não andam de ônibus e nem admiram esse meio de transporte. E ainda ofendem.
A
diversidade de pinturas, que era uma marca registrada no Rio de
Janeiro, é vista por esses verdadeiros robôs como uma"poluição visual" e
que o Rio terá "ganho estético" em seus ônibus. Ganho estético? Pelo
que eu vi pelo protótipo mostrado ontem, só se o José Serra for
considerado o homem mais lindo do Brasil.
Nem
tudo que acontece nos países evoluídos deve ser visto como qualidade.
Nos países evoluídos, o ônibus é coadjuvante do transporte. Lá, trens,
bondes, navios são mais utilizados. Por isso a preocupação estética com a
pintura de ônibus é mínima.
Mas lugares "atrasados"
como o Rio, mostram que também podem dar lições a lugares desenvolvidos.
A diversidade de pinturas demonstrou bem sucedida até hoje, admirada
por muitos. Paes mexeu em time que estava ganhando, rumo a uma derrota
vertiginosa. Foi elitista e alienado em definir a diversidade de
pinturas como "poluição", além de definir a albinização anêmica de seu
protótipo como "ganho estético". Francamente, Sr. Paes!
Pode
se falar em poluição visual dos ónibus da capital argentina. A
Argentina é o país onde tem os ônibus mais feios do mundo, com total
ausência de senso estético tanto nas pinturas como nas carrocerias. Lá
sim, pode se falar em poluição visual.
Coisa que não
acontecia no Rio, uma verdadeira aula de design gráfico nos ônibus
copiadas por estados que não aderiram a padronização, como a
surpreendente frota de Natal, no Rio Grande do Norte, além de Recife,
Maceió e Florianópolis, esta última desistiu da padronização que tinha
nos anos 80.
Paes agora entrou na lista negra dos
busólogos e demonstrou além de elitismo, total falta de conhecimento em
design e da funcionalidade das pinturas. Especialistas em design
reprovaram a nova pintura padronizada, de difícil reconhecimento e total
ausência de beleza. Belo Horizonte e Vitória possuem pinturas
padronizadas muito mais bonitas. A de São Paulo é um horror. A de
Curitiba então, basta mergulhar os veículos num gigantesco balde de
tinta que já estão pintados.
Paes tomou a decisão na
surdina, omitiu a padronização do edital e se comportou como um ditador,
sem ouvir opinião de especialistas em design, em transporte, usuários e
busólogos. Ignorou todos e partiu para a solução anti-democrática.
A
padronização de pinturas inclusiva vai dificultar a identificação das
empresas, favorecendo irregularidades, coisa que pode acontecer se
lembrarmos que os "vencedores" da "licitação" (sei muito bem o que é e
como funciona - estou me preparando para concurso) são as mesmas velhas
caras que atuam há anos, algumas com nomes modificados - fato que cheira
muito a trambiques.
Resta dizer que como fã de ônibus e
cidadão estou muito triste com essa padronização e com a mentalidade de
"troglodita metido a intelectual" que demonstrou em seus argumentos.
Ele
e sua cambada de gatos pingados tecnocratas, com mentalidade e
sensibilidade de robôs, que vão curtir sozinhos o seu "ganho estético".
Pois a grande maioria de busólogos e usuários reprova solenemente essa
padonização.
O novo ônibus que serviu de protótipo para
a nova pintura já chegou levando estrondosas vaias. Pode até circular,
mas não peça aplausos. E vou vaiar com muito orgulho essa atrocidade que
fizeram com o transporte carioca, acabando com uma de suas melhores
qualidades.