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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mentores da curitibanização do transporte brasileiro governam através de Michel Temer

Apesar de implantada em Curitiba, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e outras cidades ha mais tempo, foi em 2010, quando o prefeito do PMDB Eduardo Paes lançou a padronização visual dos ônibus do Rio de Janeiro que a coqueluche começou.

Era um "novo" sistema de ônibus que segia o modelo curitibano de 40 anos atrás lançado por Jaime Lerner, prefeito biônico da ditadura militar e inventor do obsoleto BRT.

Várias cidades, crentes no estereótipo de suposta modernidade associado ao modelo curitibano, entenderam que uniformizar suas pinturas e colocar os nomes de prefeitura escondendo a identificação de empresas significava "modernizar" o transporte, algo que foi desmentido na pática, com a decadência dos novos sistemas de ônibus.

Os sistemas tem demonstrado uma queda brusca de qualidade que tem irritado os passageiros, além de representar uma verdadeira violação do direito de ir e vir garantido pela Constituição. Constituição que não interessa aos partidários do PMDB e simpatizantes, especialistas em driblar leis, como a iniciativa de Paes colocar empresas em mais de um consórcio e o golpe político que arrancou Dilma Rousseff na marra, sem motivo justo. 

No Rio de Janeiro, estado-mentor do governo irresponsável que se instalou com o golpe, o sistema de ônibus decai a níveis vertiginosos. Não adiantou BRT, ar condicionado e outras frescuras. O bilhete único transformou o passageiro em refém do poder público/privado. A frota se deteriora e reduziu a sua frequência de renovação, aumentando o tempo de vida de uma frota evidentemente sucateada, fato reforçado pela queda de qualidade na fabricação de carrocerias.

Paes mesmo bagunçou o sistema de ônibus. Se não bastasse colocar mais de 50 empresas sob uma única pintura, ele mudou números, itinerários e pontos de muitas linhas, confundindo ainda mais o já confuso passageiro. Engarrafamentos nunca resolvidos (automóvel é prioridade para governantes) conseguem cancelar o direito ao desconto oferecido pelo Bilhete Único, que estranhamente tem prazo de uso bem limitado. Eu mesmo testemunhei pessoas reclamando da perda de direito por causa de engarrafamentos.

É bom mesmo as pessoas compararem as medidas tomadas pelo governo Michel Temer e pelos governos municipal e estadual do Rio de Janeiro: seguem a mesma mentalidade autoritária capaz de tomar decisões sem consulta popular e diante de protestos, recuar apenas em parte, sem qualquer esperança de reparação de danos que seguem aumentando.

Triste ver que uma mentalidade tão mesquinha, capaz de destruir o transporte carioca, além de levar o Rio de Janeiro à falência, chega a esfera federal do poder.

E lembrando que teremos as supérfluas Olimpíadas que poderiam ter sido canceladas, o maior desafio que o Rio de Janeiro terá é superar a sua própria decadência, que contaminará o país inteiro, já que a capital fluminense é a cidade mais influente do país em vários aspectos.

Observando os candidatos a prefeitura do Rio, sabemos que o pior está certamente por vir. Não somente para o Rio, mas para todo o país. Quem viver, chorará.