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domingo, 23 de dezembro de 2012

Premiação de pintura e uma discussão sobre padronização

OBS: A colocação de farda nas frotas de ônibus é uma medida inútil que só serve para fazer propaganda de prefeituras e para confundir usuários e entediar busólogos. Como algo que não tem utilidade possa ser tão defendido pelas autoridades como se fosse um modismo? "Se todos adotam, vou adotar também", pensam os prefeitos que dotam essa medida.

Bazani tem visibilidade e razão para questionar a padronização visual e mostra neste texto a importância da identificação das empresas. Esconder a identificação de empresas é ir contra a natureza de concessão que caracteriza o serviço de transporte e impor uma encampação enrustida que faz todos pensarem que as frotas pertencem à prefeitura, numa CTCização bem cafajeste que tem causado muitos problemas e favorecendo a corrupção e a impunidade de empresas mal administradas.

Em tempo: discordo da premiação da pintura nova da Catarinense. Como uma estampa escolhida na má vontade e sem criatividade nenhuma, possa ser considerada uma das melhores? Há gosto pra tudo.

Premiação de pintura e uma discussão sobre padronização

Publicado em  blogpontodeonibus - Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Em época de padronização de pinturas de ônibus urbanos quando em boa parte dos sistemas, a identidade visual da companhia que era uma forma também de relacionamento com a população acabou dando lugar para designs pouco criativos e que parecem ter mais o objetivo de promover partidos políticos e administrações públicas, se destacar com layout tem se tornado uma verdadeira conquista.

E uma das mais conceituadas premiações de pintura, o Concurso de Comunicação Visual e Pintura de Frotas, que está em sua 44ª edição, com promoção da OTM Editora, teve como vencedora na categoria Transporte Urbano de Passageiros uma empresa que opera em área onde há padronização, na Grande São Paulo.

A Metra, operadora de ônibus diesel, veículos elétricos híbridos e trólebus no corredor ABD, que liga as zonas Sul e Leste da cidade de São Paulo por municípios do ABC Paulista, conseguiu o primeiro lugar da categoria com a pintura nas cores predominantes verde e branco.

A pintura caracteriza boa parte dos trólebus e ônibus híbridos e faz alusão à sustentabilidade pelo fato de estes veículos emitirem baixos índices de poluição.

A ideia da pintura nasceu na própria Metra e teve autorização da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, gerenciadora dos sistemas de ônibus metropolitanos na Grande São Paulo, Baixada Santista e região de Campinas.

A pintura também se relaciona a outro programa ambiental da empresa, o Corredor Verde, que já foi responsável pelo plantio de cerca de 5 mil árvores ao longo das canaletas de ônibus operadas pela Metra.

Além das cores verde e branca, há ilustrações de pássaros e flores, o que mostra a intenção de exaltar a necessidade de preservar a natureza para um mundo melhor de se viver e também mais bonito de se ver.

O mérito da empresa foi que, além de passar essa mensagem, ela conseguiu ter uma identidade própria nos veículos sem romper de vez com a padronização imposta pelo poder público.
As faixas e ângulos do desenho seguem o esquema da pintura oficial.

O exemplo da Metra pode mostrar que é possível o poder público imprimir uma marca da região ou mesmo da gestão sem deixar que as empresas percam sua identidade. Assim, se houvesse mais flexibilidade nas pinturas de ônibus, as empresas que operam bons serviços ganhariam por não serem confundidas com companhias cuja qualidade é inferior e a população acima de todos teria benefícios, pois identificaria melhor o ônibus que vai atender ao destino e teria garantido o direito de saber qual empresa a está servindo.
Hoje em dia, muitas pessoas pensam que os ônibus são da EMTU ou das prefeituras e gestoras, sendo que pertencem a empresas particulares cujos sistemas são gerenciados por estes órgãos.

Além disso, para a boa empresa de ônibus não há um nivelamento por baixo. Por exemplo, não parece justo companhias metropolitanos com serviços satisfatórios, como Rigras, Auto Viação ABC, Urubupungá, serem visualmente identificadas pela população da mesma forma que empresas problemáticas como EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André e Viação Ribeirão Pires, que são marcadas por reclamações constantes dos passageiros e recebem notas abaixo da média em avaliações como o IQT – Índice de Qualidade do Transporte, da própria EMTU.

Já em relação aos ônibus rodoviários, intermunicipais ou interestaduais, a flexibilidade para as empresas já é maior.

Na categoria Transporte Rodoviário de Passageiros, a empresa vencedora do 44º Concurso de Comunicação Visual e Pintura de Frotas foi a Auto Viação Catarinense.

A empresa de ônibus que opera nas regiões Sul e Sudeste do País e pertence ao grupo JCA, que detém outras empresas como 1001 e Viação Cometa, mudou recentemente seu layout. A companhia deixou as tradicionais faixas azul e vermelha estampadas na lataria pintada de branco para um visual diferente com as letras que formam a palavra Catarinense estampando praticamente toda dimensão lateral do veículo.

A mudança de pintura dividiu opiniões pelo fato de o design anterior ser uma das marcas da companhia.