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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Acreditar que "benefícios" da copa serão "eternos" é o mesmo que confiar em autoridades corruptas

Uma onda de otimismo exagerado tomou conta do país por causa dessa copa desnecessária. O Brasil virou a meca do entretenimento e por isso os gastos com diversão viraram prioridades, mesmo com os problemas típicos de terceiro mundo ainda mantidos.

E com isso, muita gente se alegra com as obras de mobilidade urbana que serão feitas por causa do evento. Há uma polêmica, já que muitos dizem que não estão sendo feitas por causa da copa, mas ao memo tempo que provam que estão. Se estas obras não são para a copa, porque precisam desse evento para serem feitas? E porque os projetos priorizam trajetos que estão diretamente ligados ao evento?

Quem pensam que querem enganar? Tá na cara que estas obras estão sendo feitas para a copa. Mas aí eu pergunto, porque não cancelar essa copa e simplesmente concluir as obras. Os alienados vão argumentar que somente com a copa é que estas obras poderão ser construídas. Falta de raciocínio lógico adequado.

Das duas uma: Ou essas obras são para a copa e dependem dela para serem feitas, ou são para a população, podendo cancelar o evento e continuar tranquilamente. Para mim, apesar dessas obras não dependerem de copa para serem feitas - ao menos que queiram jogar uma pelada numa estação de BRT - é por causa desses eventos que elas estão sendo feitas, com a única finalidade de promover os políticos responsáveis diante de uma demanda estrangeira - que não será tão grande assim - e mostrarem uma fachada primeiro-mundista de nosso país, numa tentativa de esconder ainda mais os problemas crônicos , que aliás não serão resolvidos com os BRTs. Ou os enormes ônibus articulados vão tirar dinheiro dos ricos para dar aos pobres. Melhorias para mim, só se houver um Robin Hood no Brasil. Só ele salva.

De repente, todos começaram a confiar em políticos corruptos

E pelo jeito o plano desses políticos não só está ajudando a promover a imagem diante do mundo como diante dos brasileiros também. De uma hora para a outra, a população começou a confiar nos políticos, normalmente corruptos, na conclusão e manutenção dessas obras. Vários acreditam que elas estão sendo feitas para a população, quando a realidade mostra que não é bem assim.

Mesmo que permaneçam, essas obras de mobilidade urbana irão perder a eficiência com o encerrar dos grandes eventos. Não é tradição de nossos políticos fazer algo que agrade a população. Com o tempo, os enormes articulados vão se mostrar grandes "elefantes brancos" que não ajudarão a reduzir os automóveis - simbolo de status para muita gente ainda - e muito menos resolverão os problemas de trânsito das cidades onde estarão instaladas.

Com o tempo, os articulados irão apodrecer com a má conservação e se mostrarão caros, podendo ser substituídos a longo prazo por ônibus menores e muito mais baratos de se conservar. Para os fanáticos por articulados, isso parece um pesadelo, mas experiências passadas mostram que são grandes as chaces disso acontecer. Até mesmo em Curitiba, que antes desse modismo da mobilidade estava comprando mais ônibus convencionais de motorização dianteira, só aderiu aos belos Megas BRT por causa desse mesmo modismo. Quando a festinha acabar, voltamos aos velhos "cabritos" também na capital paranaense. Para quem não sabe, já se fala na extinção dios biarticulados, com a conclusão das obras do metrô curitibano. É aguardar para ver.

Muitos problemas, muitas cidades, mas uma só solução

Outra coisa a observar é que todas as cidades estão usando uma só solução para o transporte, inspirados no BRT de Curitiba. Parece que toda cidade resolveu brincar de "Mamãe eu sou Curitiba". Até a apertadíssima São Gonçalo, resolveu aderir ao modismo. Todas se esquecendo de que colocar articulados em vias exclusivas não é a única solução para o transporte e que apesar de ser mitologicamente considerado perfeito, também possui desvantagens, como veículos grandes demais e a longa distância entre os pontos de ônibus e o destino de muitos passageiros, já que os BRTs não rodam em todas as ruas.

O brasileiro tem tradição modista. Adora modismos, que pagam aqui com muita rapidez. E os modismos duram, como o secular modismo do futebol que atrai gerações e gerações e que faz todo mundo ficar feliz em sediar o seu esporte "preferido", em muitos casos, colocando acima de interesses mais sérios e necessários. Divertir virou a palavra de ordem. Divertir ficou mais importante que do que viver.

E justamente essa mentalidade de diversão e fascínio pelo espetáculo que faz todos babarem pelos enormes articulados que irão circular nas vias exclusivas. Uma admiração claramente subjetiva, apaixonada, ao mesmo tempo irresponsável. Não adianta argumentar que a defesa dos BRTs visa o bem estar de seus usuários. Isso não convence quem sabe que cada caso é um caso e que muita coisa tem que ser feita para melhorara mobilidade urbana, que colocar articulados, além de ser apenas um detalhe desse projeto de mobilidade, ele não serve para qualquer localidade.

Defender essas obras como única solução do transporte e ignorar as suas consequências negativas, seja a sua inadequação, seja o descaso em sua conservação após os eventos, é na verdade aderir a um espetáculo miraculoso proposto pelas corruptas autoridades, muito mais interessadas em ganhar dinheiro enganando a população, do que oferecer um serviço de qualidade que possa causar um bem estar à mesma.

Acordem, população, isso é Brasil. Milagres não existem. E segurem as suas carteiras! Tem gatuno por perto!