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domingo, 24 de janeiro de 2016

Limitar tempo de cartões eletrônicos: a deprimente gincana diária do trabalhador

A Constituição garante o direito de ir e vir. Este direito, por ser básico, deveria ser exercido com total plenitude. Mas parece que as prefeituras na sabem disso e encontraram um meio de limitar esse direito, já que o que vale para autoridades é satisfazer os próprios interesses.

Inventaram um troço chamado cartão eletrônico que supostamente daria direito a pegar mais de um ônibus com algum desconto na passagem. Nada a ver com a baldeação gratuita que acontece em Aracaju que considero o ideal, mas desagrada ao poder privado, os que mandam verdadeiramente nos políticos.Além do mais, cartões eletrônicos trazem a ilusão de "progresso" por envolver tecnologia. E tecnologia safada, para atender a máfias e mafiosos.

Os cartões eletrônicos podem tranquilamente serem chamados de cartões-pegadinha. As autoridades, metidas a sérias e responsáveis, resolveram brincar com a a população e impuseram uma espécie de gincana: limitaram o tempo de utilização dos cartões. O limite varia de cidade para cidade, mas sempre há limites. E como numa gincana, há um festival de obstáculos que a população terá que enfrentar se quiser aproveitar da promoção garantida pelo cartão.

Um dos maiores é o engarrafamento. Políticos poderiam lucrar bastante com a colocação de pedágios para estimular o limite de circulação de carros. Mas não podem fazer isso, pois muitos amigos das autoridades (que não usam transportes coletivos) usam o automóvel como meio. Então o legal mesmo é estragar a vida do mais carente. O usuário de transporte público é que tem que se ferrar!

E as autoridades descobriram que manter engarrafamentos é uma boa ideia para limitar ainda mais o uso esses cartões eletrônicos. Já pensou se o usuário de cartão não chega a tempo para usufruir do desconto? Que maravilha! Ela pagará em dinheiro a passagem integral, que é bem cara! Muito salutar para o Capitalismo ver pessoas carentes se sacrificando para sustentar o luxo de confortáveis empresários de transporte, que mandam e desmandam em secretarias de transporte, sempre submissas a donos de empresas.

Os carões ainda trazem outra vantagem: dispensam as prefeituras de melhorar o transporte criando novas rotas que facilitem o deslocamento direto do usuário de transporte. O jeito é criar a baldeação paga (com desconto, mas paga). Se um sujeito quer ir de Niterói para a Barra, por exemplo, ele que se vire e pegue mais de um ônibus (com a desvantagem de pegar o segundo ônibus cheio, sem lugar para se sentar) e perder um valioso tempo em itinerários longos em trechos ultra-engarrafados. 

E BINGO! A promoção do cartão eletrônico e cancelada mais uma vez e o usuário terá que pagar a integral ou se vire para andar a pé por quilômetros, muitas vezes em dias de chuva e em lugares na tao seguros para se andar, correndo o risco de ser assaltado mais uma vez (o primeiro assalto já foi feito, pela secretaria de transporte, com o cancelamento do desconto não registrado, mesmo com o cartão já pago).

E assim seguem os sistemas de transporte pelo país, onde o usuário, convertido em refém de secretarias de transporte, encara todos os dias uma gincana nada alegre para exercer a sua obrigação de trabalhar em troca de um mísero salário que não consegue suprir um mês de transporte. O mesmo transporte que usa para ir ao seu obrigatório trabalho. Círculo vicioso infeliz nada compensado por autoridades e empresários cada vez mais gananciosos, mentirosos e sádicos.

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